Faz tempo que não
escrevo. Mas o desejo, a vontade, a necessidade nunca desapareceu.
Voltei.
Sinto que
fiz o caminho das pedras. Estes anos
foram difíceis. Tanto aconteceu. Marcas ficaram. Algumas desvanecem-se com o tempo.
Outras para sempre ficarão.
Aos poucos
sobe-se na Pirâmide de Maslow...
Contudo uma velha
e sempre presente questão se manifesta: quem sou eu?
Questão simples
mas com implicações profundas: porque sou como sou? de onde vem esta sensação
de vazio dentro de mim que tarda em preencher?
Nunca tive qualquer vislumbre desse passado. Apenas sensações, impressões.
Quem fui fez-me tomar as opções que tomei? Hoje, nem todas me parecem ter sido as melhores mas sou como sou porque as tomei.
Todas as noites, na hora do deitar, o pequeno petiz pedia ao seu pai:
“Pai, conta-me uma história para eu adormecer….”
E todas as noites o pai respondia:
“Meu filho, o pai não tem jeito para contar histórias, o pai é matemático….”
Noite após noite, a mesma cantilena se repetia: a pequena criança suplicando por uma história de embalar e o pai a escusar-se: “o pai não sabe histórias, o pai é matemático…”
Até que uma noite, quando o menino pediu uma história ao pai, ouviu como resposta:
“Está bem. O pai hoje vai-te contar uma história.”
“Era uma vez 3 porquinhos. Sejam eles P1, P2 e P3…”
Bem, convém esclarecer desde já uma coisa: quando digo fui" quero dizer "a minha casa foi". Bem sei que não estou a seguir os ensinamentos da Lebre de Março mas enfim, uma vez não são vezes…
Posto que está ponto está devidamente esclarecido, vamos então prosseguir.
A minha casa foi invadida!
Bem, a minha casa toda não. A varanda.
A minha varanda foi invadida!
Bem varanda, varanda toda também não. Uns vasos … muitos … alguns … dois.
Pronto, dois vasos na minha varanda foram invadidos!
Invadidos, invadidos também não. Ocupados!
Uma pomba resolveu fazer o ninho dentro de um dos vasos. E para grande surpresa minha, dos ovos eclodiram dois borrachos que depois se transformaram em pombos (a minha filhota nunca esteve de acordo comigo para fazermos uma canja de pombo…).
Tentem imaginar, se conseguirem, o que é acordar ao som doce e suave do “cantar” dos pombos.
Esperançado estava eu que todo este episódio rocambolesco tivesse o seu término quando os ditos pássaros aprendessem a voar.
Mas não é que o raio dos pombos resolveram fazer da varanda o seu posto de lançamento? E ainda por cima tiveram o descaramento de convidar os amigos (gang?) para assistirem às suas manobras radicais: loopings, rolls, tonneaux, humpty bumps, vrilles…
Mas enfim, todas as criaturas são filhas de Deus e lá me contive de treinar a FLAK pensando sempre “está quase, só mais um dia e vão embora…”
Claro está que eu estava esperançado que algumas pequenas manobras de guerrilha acabassem por desencorajar os jovens Bravos do Pombal (ou do Vasal?): regar os vasos ostensivamente, entrar de rompante na varanda, … e os levassem a escolher outro pouso como base de operações. Mas não. Os sacanas aproveitaram para treinar amaragens de emergência bem como voos STOL (Short Takeoff and Landing). E isto quando não ficavam a olhar para mim, olhos-nos-olhos, como que a dizer “qué queres, pá?”, “olha mestes a chatear aqui o pessoal… queres lá ver queres…”
Não contente com isto, fiquei a saber que as qualidades do local foram difundidas entre a população pombalina. Pimba! Mais uma pomba optou por fazer ninho em outro vaso.
Agora tenho essa pomba, mais dois ovos que se converterão em dois novos pombos bem como todo o gang das acrobacias.
E isto para não falar das visitas à futura mamã.
Aqui levanta-se a questão: se eu alugar junto da dita população pombalina a utilização dos vasos como residência (ainda que temporária) será necessário declarar tal junto das Finanças? E poderei cobrar um mês de caução? Serei pago em géneros? O milho sempre dá para as pipocas…
Um + dois + uns quantos = muitos (aqui utilizei o sistema aritmético dos aborígenes).
Posso, sem dúvida, afirmar com toda a segurança: É uma invasão, meus caros senhores (e senhoras claro está).
Se uma fatia de pão com manteiga cai sempre com o lado da manteiga para baixo e se um gato cai sempre de pé, o que aconteceria se atássemos uma fatia de pão, com a manteiga virada para cima, às costas de um gato?
Por vezes dou comigo a pensar, depois de ver à minha volta, qual o motivo pelo qual o meu humor é tão diferente dos outros? Porque não gosto dos “Malucos do Riso” entre outras pérolas que passam na nossa televisão...
Certa vez recebi um comentário de um então chefe meu que, a justificar a minha baixa classificação em termos laborais, me explicou que tal se devia ao meu humor: diferente, sarcástico, “negro”…
Respondi-lhe que eu não me sentia responsável pela falta de inteligência nos outros ao não perceber esse mesmo humor. Minha classificação baixou ainda mais (isso ele percebeu)!
Adoro uma boa comédia, preferencialmente se tiver um toque de humor britânico: “Allô, Allô”, “Monty Pyton”, “Histórias da Treta” só para citar algumas.
Mas, de onde vem esta minha pendência?
Meu pai sempre foi (e será) uma pessoa muito importante na minha vida: sempre incentivou o meu lado rebelde, de inconformista, tudo questionar e nada aceitar como certo ou garantido.
Foi com ele que adquiri o meu gosto pela leitura (lia tudo o que ele tinha – menos os livros de cowboys os quais nunca achei grande piada). E foi com ele que me iniciei no maravilhoso mundo dos livros aos quadradinhos da Disney e mais tarde no Astérix e no Lucky Luke… e “Gaiola Aberta” também…
Assim, nada mais natural que ficar fascinado com um programa de rádio que passava nos domingos de manhã, nos longínquos anos 80, dos quais eu não perdia emissão: o “PÃO COM MANTEIGA”!
Hoje não me recordo da totalidade dos textos, excepto aqueles que vou lendo no livro então lançado:
Mas tenho bem presente o gosto pelos mesmos que acabavam sempre de uma maneira nada expectável, às histórias do Roque e da Amiga que, e em jeito de conclusão, eram rematados com uma música bem enquadrada a cada enredo dessa mesma história.
Deixo aqui uma dessas histórias, que espelha bem este meu humor (sarcástico? cínico? negro? ou apenas diferente?)
“
- Desculpe, ando a fazer uma sondagem…
- Sim, senhor. E qual é a pergunta?
- A pergunta é: «O seu ordenado chega-lhe até ao fim do mês?»
- Chega. Perfeitamente.
- Óptimo. Até que enfim encontramos uma resposta afirmativa nesta sondagem. Portanto… o seu ordenado chega-lhe até ao fim do mês…
- Perfeitamente. Recebo no dia vinte e seis; no dia trinta e um ainda tenho o meu poderzinho de compra…
criar uma identidade no mail (neste caso no Google).
Primeira complicação: todos os nomes que me vêm à memória (para mais tarde recordar) já estão ocupados. E as sugestões… mãezinha…
Enfim, lá foi criada a identidade.
Mas depois lá vêm as letrinhas pequenininhas por causa do SPAM e do PISHING (parece sempre bem dizer estas coisas em Informatiquês… dá-nos um certo ar de intelectual) e pronto. Lá nos enganamos e começa tudo de novo…
passado o primeiro parto (ou pré-parto do blogue) lá vamos nós todos lampeiros a criar o blogue propriamente dito. E não é que todos os nomes altamente que tínhamos pensado se varreram por completo?...
Lá começamos a escolher o nome do blogue. E o site a informar que o nome já não está disponível. Mas que raio. Quem foi a alminha que pensou no mesmo que nós?
Finalmente está escolhido. Não era o que tínhamos pensado mas enfim, foi o melhor que se arranjou. E lá voltaram as letrinhas pequenininhas…
Blogue feito.
Ficamos a olhar para um ecrã. Vazio. Tal e qual o nosso cérebro nesse instante.
O primeiro passo é sempre o mais complicado. Tal e qual como tirar a azeitona que está no frasco. Primeiro à que abrir o frasco.
Frasco aberto. Blogue criado. Agora é começar a escrever…